Era uma vez um cobrador de ônibus e muitos outros profissionais que estão desaparecendo no Brasil.
- By Laine Oliveira
- Jul 31, 2018
- 3 min read

Quem anda de ônibus e metrô todos os dias em São Paulo, talvez não tenha se dado conta, ainda, da mudança real, até porque com o bilhete mensal na mão o gesto é automático. O passageiro (a) entra no ônibus, encosta o cartão na leitora e gira a catraca.
Bom, para mim já não foi bem assim. Desde fevereiro deste ano decidi circular pela minha cidade de transporte público – por questões diversas - e aposentar o carro para uso apenas emergencial ou lugares mais remotos. Já havia andado muito de ônibus quando estudava e no início da minha carreira até os 25 anos. A partir daí, o carro passou a ser minha ferramenta de trabalho, já que eu era representante de vendas, mas também o usava para lazer, compromissos diversos e por aí vai. Voltando ao uso do transporte público, dei entrada no meu “bilhete único”, conforme sugeriu uma amiga. Ainda que eu não o usasse diariamente, e até que o recebesse, comecei a pagar meu transporte com dinheiro mesmo. Na minha cabeça, ambas as possibilidades seriam possíveis. Até aí, tudo bem.
Ao entrar no ônibus pela primeira vez depois de muito tempo, fui direto para o cobrador, aquele profissional que em outros tempos lhe dizia um bom dia, olhava bravo para você, quando não recebia a passagem com dinheiro trocado, e se fosse o mesmo quase todos os dias, era certo que saberia muito sobre sua vida. Afinal, há algo melhor do que conversar para superar o ônibus cheio e a distância da viagem? Para mim, definitivamente não!!
Pois bem, eu até procurei o cobrador, mas o que vi foi uma cadeira vazia. Minha cara de surpresa ficou tão nítida para os demais passageiros, que alguém repentinamente gritou: “ paga para o motorista”. Oi? Como assim?
Vocês até devem estar pensando: “Essa daí não acompanha os noticiários e as mudanças? Tudo praticamente automatizado”. Sim, claro que acompanhava e ainda acompanho. No entanto, é diferente quando você se vê diante da situação. Um cobrador que não mais existe e um motorista cobrador.
Já que ia descer no ponto final, sentei-me no banco antes da catraca e fiquei ali olhando para aquela cadeira vazia e tentando imaginar, descobrir e supor para onde teria ido aquele profissional. Se ele era jovem e ainda em fase de estudo, ok. Essa geração mais jovem e mais imediatista já está um tanto preparada para tais mudanças e, bola para frente. Porém, meus pensamentos eram sobre aqueles mais experientes e que fizeram desta profissão não somente um meio de vida, mas uma carreira. O que estariam eles fazendo agora? Será que em algum momento pensaram que isso poderia acontecer e se prepararam para o futuro? Viraram autônomos ou abriram seu próprio negócio? E o motorista? Está preparado psicologicamente para dirigir e dar troco ao mesmo tempo?
O cobrador me levou a pensar em vários outros profissionais como o carteiro, cada vez mais raro. Atualmente, muitos documentos podem ter assinatura eletrônica; ninguém mais envia cartas; contas e boletos são disponibilizados e pagos em aplicativos. O carteiro me levou a pensar nos bancários, mais precisamente nos atendentes de caixa. Logo deixarão de existir. A propósito, faz um bom tempo que não piso em uma agência bancária porque faço tudo virtualmente. E os atendentes das companhias aéreas? Cada vez mais vemos totens nos aeroportos facilitando nosso check in sem filas, sem mencionar o check in online.
Agora, será que estas pessoas estão se preparando para a extinção de suas profissões no mercado de trabalho?
E você, o que você faz agora? Já pensou se sua profissão ainda vai existir nos próximos 2 ou 3 anos? Será que os passageiros do ônibus em que eu estava, e tão concentrados em seus celulares, estão se dando conta disso? Suas profissões estão correndo risco de extinção?
Recentemente vi um vídeo em que um "enfermeiro robô" coleta sangue tão precisamente quanto a destreza e prática do ser humano. Um dos passageiros do ônibus em que eu estava poderia ser um enfermeiro a caminho do trabalho.
Meu ponto é, esteja onde estiver, continue lendo, estudando, pesquisando, se autodesenvolvendo e sempre de olho no futuro - aliás, qual será o profissional do futuro? Muitas profissões deixarão de existir, e se olharmos para a história, este é o curso normal do progresso. No entanto, este mesmo progresso, tem trazido novas oportunidades, e com a tecnologia tomando conta das diversas áreas do conhecimento, se desenvolver nesta frente será um grande diferencial e pode ser também uma garantia de trabalho.
Artigo by Laine Oliveira (Consultoria Comercial, Mentoria e Coaching)
mmmmoliveira@hotmail.com
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